domingo, 24 de outubro de 2010



O RETRATO DA PAZ

Havia um rei que ofereceu um grande prêmio ao artista que fosse capaz de captar
numa pintura a paz perfeita.
Foram muitos os artistas que tentaram. O rei observou e admirou todas as pinturas, mas houve apenas duas de que ele realmente gostou.

A primeira era um lago muito tranqüilo. Este lago era um espelho perfeito onde
se refletiam plácidas montanhas que o rodavam. Sobre elas encontrava-se um céu
muito azul com tênues nuvens brancas. Todos que olhavam para essa pintura viam
refletida uma paz muito grande.

A segunda pintura também tinha montanhas. Mas estas eram escabrosas e estavam
despidas de vegetação. Sobre elas havia um céu tempestuoso do qual se
precipitava um forte aguaceiro com faíscas e trovões. Montanha abaixo, parecia
descer uma turbulenta torrente de água. Tudo isso se revelava nada pacífico.

Quando se observava mais atentamente, atrás da cascata havia um arbusto
crescendo de uma fenda na rocha. Nesse arbusto encontrava-se um ninho. E ali,
em meio ao ruído e à violência da cena, estava um passarinho placidamente
sentado no seu ninho.

Essa foi a pintura escolhida pelo rei que explicou: "- Paz não significa estar
num lugar sem ruídos, sem problemas, sem trabalho árduo ou sem dor. Paz
significa que, apesar de se estar no meio de tudo isso, permanecemos calmos em
nosso coração. Este é o verdadeiro significado da paz. A paz perfeita."

Autor: Desconhecido

domingo, 17 de outubro de 2010

Abra os olhos para ver - AVATAR


Avatar aparece num ótimo momento.
Após o fracasso da Conferência do Clima em Copenhague e no início do Ano da Biodiversidade, é um brado de alerta sobre nossa péssima relação com a natureza.
Merece ser assistido pelos belos efeitos e pela fotografia extraordinária, porém, mais do que isso, apresenta uma poderosa mensagem ecológica:
o homem precisa restabelecer sua conexão com a natureza.
Nos fala também de respeito ao próximo, homem, animal ou floresta, igual ou diferente de nós.
O espectador é transportado para a lua Pandora, habitada pelo povo Na’vi, em um universo de experiências sensoriais encantadoras, com seres de formas jamais imaginadas, cores reluzentes e uma natureza exuberante.
Avatar propõe uma discussão pertinente sobre o futuro do nosso planeta, a Terra.
Inova ao expor a monstruosidade do ser humano, personificado no cel. Miles, que destrói um mundo em perfeita harmonia, com uma brutalidade chocante, em cenas que provocam indignação.
Mostra a inescrupulosidade do ser humano, até onde o homem é capaz de chegar para obter ganhos econômicos.
Quando a árvore-casa dos Na’vi cai, o desmatamento da Amazônia, da Mata Atlântica, o derretimento dos polos, a morte dos corais e dos oceanos, enfim, todas as desgraças provocadas pelo homem são evocadas.
Vemo-nos atirando contra a natureza, só porque debaixo dela se encontra um minério valioso, que, para os humanos, resolveria a crise energética, uma vez que em 2154 – ano em que a trama se passa – não existe mais verde na Terra.
Com a Terra arrasada, segue-se a colonização de outros mundos. Ao mostrar nossa mesquinhez, o filme pretende atingir o que ainda resta de consciência ecológica no ser humano.
O nome da lua, Pandora, é significativo. Na mitologia, Pandora, a primeira mulher criada por Júpiter, recebe dos deuses, presentes em forma de dons, como beleza, persuasão e música.
Do marido, Epimeteu, recebe uma caixa contendo todos os males, com a advertência de não abri-la. Mas a curiosidade foi maior, e Pandora abriu a caixa, liberando pragas que atingiram o homem, restando apenas a esperança.
Pandora não cuidou de sua caixa, e nós não estamos cuidando do nosso planeta.
Avatar nos adverte: a Terra é nossa caixa de Pandora. Se não soubermos preservá-la, será o nosso fim.
O filme é permeado de esperança. Na lua Pandora tudo está em equilíbrio. Uma árvore da vida, a deusa Eywa, sustenta as conexões entre as raízes de todas as árvores e entre todos os seres.
É uma teia, como as sinapses que ligam os neurônios em nosso cérebro. Acaso na Terra os sistemas também não estão interligados? Esse é o preceito fundamental da ecologia. Como dizia José Lutzenberger, em seu Manifesto Ecológico Fim do Futuro: tudo está relacionado com tudo. Tudo é uma coisa só.
Embora nossa conexão não se realize diretamente, como ocorre por meio das tranças dos Na’vi, com os cavalos (Direhorses), animais alados (Banshee) ou com a própria terra... ela existe, só que está perdida pelo nosso afastamento da natureza.
Avatar nos diz que, se quisermos manter o direito de habitar na Terra, precisamos colocar-nos novamente em contato com a natureza.
O personagem principal, Jake Sully, consegue se libertar da cegueira e da ignorância e perceber a tempo a catástrofe que os humanos iriam desencadear em Pandora.
Ao entrar em contato com os costumes dos Na’vi, Jake Sully, aos poucos, vai compreendendo a importância da harmonia ecológica de Pandora.
Trata-se, além de conhecer os modos de alimentação e locomoção, de como respeitar a vida em todas as suas formas.
Quando a jovem princesa Neytiri diz a ele “Eu vejo você”, ela não apenas vê, mas sente, percebe e respeita o outro.
Para vivermos em equilíbrio com a natureza e com nossos semelhantes, é preciso “vê-los” profundamente.
Um aspecto interessante é que a vida no avatar passa a ser mais real do que a “vida real”. Isso pode instigar-nos a questionar: a vida que levamos atualmente nos proporciona qualidade de vida? Não está na hora de buscarmos qualidade de existência?
O filme nos mostra que as sociedades tidas como “primitivas”, até mesmo “selvagens”, têm mais sabedoria, e, geralmente, uma ligação com a natureza muito mais rica do que a nossa.
Somos responsáveis pelo sistema econômico falho, excludente, perverso – que, apesar da crise, surpreendentemente permanece o mesmo – que, visando ao lucro e ao crescimento ilimitado, coloca a natureza como uma ‘pedra no sapato’ para atingir o “desenvolvimento”.
O que nos falta, como mostra Avatar, é envolvimento.
O próprio nome “desenvolvimento” sugere um desligamento com o envolvimento, uma total desconexão com a Mãe Natureza, que só gera desequilíbrio para todos nós.
Estamos cada vez mais desconectados com a teia da natureza, preocupados em ganhar dinheiro custe o que custar.
Mesmo que o preço seja a vida dos que ainda não nasceram ou até mesmo dos oceanos, das árvores e dos animais, não cogitamos alterar nossos hábitos de consumo, extremamente danosos aos recursos naturais, e, muito menos, mudar nossa matriz energética altamente poluente.
Ainda há tempo para salvar a Terra, basta nos reconectarmos.
“I see you!” – “Eu vejo você!”
Texto: Elenita Malta, historiadora.

sábado, 9 de outubro de 2010

Caminhos da vida


A vida tem cores que por vezes não percebemos,
tem sons que nem sempre ouvimos,
tem sabores que não provamos,
armadilhas que nós mesmos armamos,
e caminhos, muitos caminhos,
que ainda não percorremos.

Falta-nos tempo para apreciar os detalhes.
Assim, deixamos o tempo, precioso tempo,
escorrer pelos dedos da mãos.

Filhos que crescem e não percebemos,
amores que vão se desfazendo,
caindo na rotina massacrante,
e não percebemos.

Envelhecemos e abandonamos nossos sonhos,
passamos pela vida e reclamamos,
um ano começa e quando vemos,
já acabou sem ao menos termos vivido.

Nossas orações são ladainhas repetidas,
expressões vazias da nossa desilusão,
Deus no trono distante,
nós na Terra errante…

Não há mais tempo para a vida,
apenas para os compromissos inadiáveis da nossa agonia,
somos empurrados pelo consumismo,
somos esmagados pelas dívidas,
pelo preço de viver.

Na luta diária da sobrevivência não há tempo:
para poesia, flores, sentar no chão,
andar descalço, comer com a mão,
namorar na praça, andar sem direção
ter com Deus uma comunhão…

Estamos fugindo do encontro crucial
entre nós e os nossos sonhos,
entre o que queremos e o que não temos,
entre o que imaginamos e o que é.
E fica no ar a pergunta:
para onde vamos?

Que você vá rumo a felicidade,
descobrindo que a vida é um presente sem igual,
que Deus oferece para alguém especial,
sentindo a brisa da manhã que convida,
para a vida que se abre em flor,
desejando pra você:
muita paz e muito amor.
Eu acredito em você

Paulo Roberto Gaefke